Francisco focou o passado e o futuro, dois domínios esquecidos em
um mundo atual atordoado pelo choque com o presente, caracterizado pela
urgência da informação, pela ansiedade por resultados imediatos, pela fruição
instantânea de prazeres, sensações, emoções e pelo controle absoluto do próprio
destino.
Francisco exortou as pessoas a não se
deixarem levar por ''ídolos passageiros'' e passarem a agir com a consciência
de que vivem em comunidades com raízes(passado) e asas(futuro).(...)
Francisco não falou para engrandecer sua
obra, angariar ainda mais popularidade ou recrutar mais católicos para sua
Igreja. Não falou para convencer nem para influenciar.
Francisco falou para ele próprio entender
melhor seu sacerdócio e para clarificar os deveres terrestres do cristão.(...)
Francisco mostrou no Brasil ser um
herdeiro da tradição de pastores que, a exemplo de Santo Agostinho, mesmerizam
os fiéis por participar e não por inibir sua capacidade de raciocínio. Nas
Confissões, Agostinho conta que os bispos se achavam muito espertos quando
diziam aos fiéis desejosos de saber o que Deus fazia antes de criar o céu e a
terra que ''Ele estava fazendo o inferno''. Agostinho respondia com candura e
simplicidade aparente que Deus não fazia nada. Mas, então Deus passada o tempo
todo fazendo nada? ''Claro que não'', dizia. ''Deus ainda não havia criado o
tempo''.
por: Revista Veja, Para entender
Francisco. Carta ao Leitor.
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